Nesta época do ano, o calor castiga o norte de Minas. A rotina de atletas tem de ser preparada pensando nisso e esta é uma das funções do preparador físico. Lucas Müller tem 27 anos e assumiu este posto na equipe do Voleimoc no final do último mês de setembro, quando o então preparador Rodrigo Gonçalves teve de sair por motivos pessoais. Lucas é natural de Curitiba, no Paraná, mas viveu a maior parte de sua vida na capital de Santa Catarina; a Florianópolis.
Formado em Educação Física e Gestão Esportiva, pela Unisul, e pós graduado em Musculação e Condicionamento Físico, pela Universidade Gama Filho, Lucas tem ligação com o esporte desde muito novo. “Sempre gostei de esportes. Era uma criança e adolescente que praticava todas as modalidades esportivas possíveis”, conta. “Quando tinha por volta dos 15 anos, comecei a treinar mais seriamente. Posteriormente, entrei para a faculdade de educação física e usei meus relacionamentos feitos na época de atleta para conseguir meus primeiros estágios, atuando em escolinhas de voleibol.”
Müller se considera um atleta entre aspas. Logo vieram os trabalhos nos bastidores do esporte que o trouxeram até onde chegou: o Montes Claros Vôlei. Antes de desembarcar no Pequi Atômico, Lucas teve passagens por grandes equipes brasileiras, como o Unisul/Cimed, Cimed/Sky, Super Imperatriz Vôlei, Floripa Vôlei, além da Seleção Brasileira Masculina, tendo conquistados títulos como o tri campeonato catarinense e os Sul Americanos sub 21 e sub 23 pelo time nacional.
A oportunidade de atuar no Montes Claros Vôlei surgiu por intermédio do assistente técnico do Moc. “Foi indicação do Leandro Dutra à diretoria do clube, por trabalharmos juntos na Seleção Brasileira.”
Neste um mês junto do time, Lucas já pode traçar um perfil da equipe que disputará a competição nacional. “A equipe é composta por uma mescla de jovens atletas com atletas um pouco mais experientes, com grandes conquistas no voleibol. Senti nos primeiro dias de treino que, tanto o mais jovens quanto os mais velhos, estão muito dispostos e interessados em fazer uma boa preparação e, consequentemente, uma boa campanha na Superliga.”
Para manter os atletas focados nos objetivos, mais do que disciplina e treinos com bola, a preparação também passa pelo planejamento. Vários fatores têm de ser levados em consideração na hora de preparar a rotina dos atletas. “Desde a intensidade de trabalho que queremos aplicar ao grupo, ao número de jogos e viagens que teremos na semana”, explica o preparador.
Outro viés importante para ser levado em consideração são as altas temperaturas registradas nesta época do ano na região, agravado pelo horário de verão, já que os atletas treinam, quase que invariavelmente, durante o dia. “O calor interfere diretamente no rendimento do desportista. Quanto mais quente, maior a perda de sais e nutrientes pelo organismo. Um indivíduo com déficit destes recursos não consegue exercer suas funções de maneira eficiente. Pelo fato de serem atletas, estas necessidades são ainda maiores.”
O preparador tem duas formas de driblar estas adversidades climáticas. “Boas estratégias seriam fazer uma boa reidratação, com água e principalmente repositores eletrolíticos. E uma estratégia mais simples, colocando os horários do treino para mais tarde, quando o calor é menor.”
Na volta da folga de uma semana que os atletas ganharam após o fim do Campeonato Mineiro, o trabalho de retomada dos treinos tem de ser gradativo, para não comprometer a integridade dos jogadores. “Darei continuidade à nova metodologia de trabalho já implantada, enfatizando o ganho de força e uma melhora no condicionamento físico geral do grupo, visando a estreia e uma boa performance em toda a Superliga.”
Pensando a longo prazo, Lucas tem objetivos concretos para projetar seu trabalho com a equipe do Montes Claros Vôlei. “Meu trabalho e desafio, além de desenvolver as valências físicas necessárias para que os atletas exerçam seu melhor voleibol dentro de quadra, é poder fazer com que o grupo compreenda o quão importante são os treinos físicos, que eles se comprometam com o trabalho nas sessões físicas da mesma forma quanto nos treinos técnicos táticos. Ao meu ver, este comprometimento e entrega no trabalho física que dará o suporte e respaldo para que tenham boas performances em quadra.”
O trabalho constante consome de Lucas mais que as horas que passa com a equipe. As funções do preparador físico são também consistidas de todo um processo de análises por trás, que define como os atletas devem ser abordados nas atividades. “O trabalho do preparador físico não está restrito à academia de musculação. Ela é uma ferramente bastante utilizada, mas única no trabalho”, destaca. “Além do aquecimento dos atletas, realizo, junto ao treinador e comissão técnica, o controle do volume e intensidade nas sessões de treinamento e atuo no planejamento das estratégias de trabalho e programação da equipe.”
Vida pessoal
Há cerca de um mês na cidade, Lucas ainda vem se adaptando às particularidades da nova vida. Para passar o tempo, o preparador comprou uma bicicleta e a utiliza para conhecer mais a terra do Pequi Atômico. Müller não está muito familiarizado com uma das atividades de final de semana preferidas do montesclarense – ou happy hour -, e diz que prefere montar na sua “magrela”. “Bares nunca foram a minha preferência; confesso que não sou um frequentador assíduo. Prefiro praticar algum outro esporte nos momentos livres. Estou desbravando a cidade com a minha bike nos momentos em que não estou envolvido com o time.”
Apesar da simpatia, o pouco tempo no norte de Minas ainda não permitiu a Lucas a construção de novo vínculos de amizade. “Estou há poucos dias na cidade, meus amigos ainda se limitam ao time e colegas de trabalho. Mas em breve espero fazer bons amigos.”
“Meu relacionamento é extremamente profissional. Mas, pelo convívio diário, é inevitável que surjam boas amizades. Ficamos mais tempos juntos que com nossos familiares”, continua Lucas. “Hoje, tenho maior afinidade com o Leandro Dutra, assistente técnico, que é também com quem divido apartamento em Moc e por trabalhos de outras temporadas na Seleção Brasileira.”
Lucas também pode curtir os dias de folga após o Campeonato Mineiro. Com atletas e comissão técnica viajando, o preparador também teve um tempo para ir passar com família e amigos. Apesar de ter nascido em Curitiba, Müller, que viveu boa parte da vida em Florianópolis, terra que o oposto André Nascimento também escolheu para viver, foi visitar os parentes na capital catarinense. “Sou paranaense. Vivi a maior parte da minha vida em Florianópolis, tenho uma identificação grande com o litoral catarinense. Tenho parentes em ambas cidades, sempre que consigo estou indo para uma das duas. Hoje, com as facilidades da internet, o contato é quase que diário com os familiares e amigos.”
Sobre o clima da cidade, Lucas dispara: “O calor não me incomoda, mas sim a falta de chuva. Espero trazer alguma garoa do sul nesta volta da folga (risos).” Conseguiu, Lucas!
Por: Cid Bruno
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